quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

D. Sancho II - 3 Rei de Portugal (25.03.1223 - 30.01.1248)






D. Sancho II - O Capelo, O Pio ou o Piedoso (1207 - 1248) Período de Reinado: 1223 - 1248


Após pesquisar e ter encontrado várias informações contraditórias sobre a história de D. Sancho II, decidi basear toda a informação sobre este rei no livro “Chronica de El-Rei D. Sancho II, Ruy de Pina (1440-1522), Lisboa: Escriptorio, 1906, na Biblioteca Nacional Digital”

D. Sancho II nasceu no ano de 1207, visto ter 16 anos quando foi declarado Rei, após a morte do seu pai D. Afonso II. Era também denominado como “O Capelo” pela forma como se vestia, pelos seus vestidos honestos, parecendo mais um religioso do que um Rei.

Este era alguém honesto e respeitoso, o que o tornava uma pessoa branda relativamente à justiça, fazendo com que em ocasiões em que era necessário ser mais duro e rigoroso, ela não o era. Também não teve grande ajuda por parte dos seus conselheiros que o recolheram desde moço.

No seu reinado houve grandes perdas e danos incomportáveis que falarei mais à frente.

Por más influências dos seus conselheiros e da sua tia a Rainha de Leão e Castela, D. Beringela (irmã de sua mãe D. Urraca), o rei acaba por casar com D. Mécia Lopes, já viúva e sua parente de quarto grau. Muitos acharam esta união escandalosa e aconselharam-no a separar-se de D. Mécia. No entanto, o rei não aceitou este conselho, talvez por afeição a ela ou até por feitiço, como alguns sugeriam. Durante algum tempo os maus conselheiros de D. Sancho II, aqueles que defendiam a sua união com esta mulher, foram destruindo o Reino e tinham poder para fazerem o que queriam devido à fraqueza de coração do rei, porque este não os castigava como devia e acabava por permitir todas essas situações. Estes homens eram defensores da sua união com D. Mécia e assim ele se manteve casado com ela, no entanto ainda não tinham nascido descendentes.

Entretanto, após a contínua decadência do reinado e após várias tentativas de interceder junto ao Rei sobre esse assunto, mas sem qualquer tipo de acção por parte dele, o Prelado e o povo de Portugal, pediram auxílio ao Papa Honório III, que escreveu a D. Sancho II admoestando-o a emendar os seus erros e a reparar os danos feitos ao reino, devido à sua negligência. Mas, D. Sancho não correspondeu ao pedido do Papa e este acabou por enviar de Roma o Bispo Sabenense. O Bispo encontra dureza e pouca obediência nas palavras do Rei e acaba por emitir uma sentença condicional de excomunga-los (Rei e Conselheiros), caso não cumprissem o acordo de se emendarem na data por ele acordada. Foi o Arcebispo de Braga que ficou o executor dessa tarefa. Após o termo desse acordo, verificava-se que tudo continuava na mesma ou pior e as igrejas continuavam a ser frequentemente roubadas. Sendo assim, o Arcebispo de Braga torna a notificar o Papa desta situação e o Papa volta a escrever ao rei D. Sancho II, no entanto o Papa desta vez, não usou a introdução que costumava usar quando se dirigia a um rei, ou seja, não se dirigiu a ele em amor nem lhe deu a bênção apostólica. Esta Bulla foi publicada em muitas partes do reino e o rei extremamente envergonhado com estes tratos por parte do Papa e assim como também lhe indicaram os conselheiros, respondeu a este, dizendo que iria obedecer a ele e aos mandamentos da Sé Apostólica, emendaria os danos e perdas que tinham ocorrido e não permitiria que a partir desse momento voltassem a ser cometidos erros no seu reino. Assim o confirmou e prometeu particularmente ao Papa, fazendo com que fossem absolvidos da excomunhão.

Apesar de todas estas admoestações, mal os delegados do Papa saíram de Portugal, D. Sancho e seus maus conselheiros continuaram a cometer os erros e as más acções que faziam anteriormente continuando a fazê-lo por muito tempo, até que passa a haver um novo Papa, Gregorio IX que a requerimento dos Prelados e povo de Portugal envia admoestações e conselhos ao rei, os quais nunca quis cumprir. Uma dessas admoestações era separar-se de D. Mécia e por não fazê-lo, talvez por afeição e influência dos seus conselheiros, acabou por ser novamente excomungado.

Na sequência desta situação, Reymão Viegas de Porto Carreiro com pessoas de D. Martim Gil de Soveroza e vassalos do rei, raptaram D. Mécia e levaram-na para o Castelo D’Ourém. D. Sancho II foi em seu auxílio, armado e com tropas de forma a poder trazê-la de volta, mas os seus raptores eram mais fortes e venceram, acabando por levá-la para Galiza. Nunca mais se soube nada sobre D. Mécia, nem o que fizeram com ela, nem mesmo foi feita alguma emenda sobre o assunto.

Mas, voltando ao mau reinado de D. Sancho II, um reino que durou 25 anos repleto de erros por parte do Rei e dos seus conselheiros.

Como tinha falado anteriormente já dois Papas tinham escrito cartas de admoestações para o Rei e seus conselheiros pararem com os erros. O último que falei, Gregório IX, teve um Papado de 14 anos e durante esse tempo foi escrevendo cartas ao Rei. No entanto, em 1243, surge um terceiro Papa, Inocêncio IV, que também recebe pedidos por parte do Prelado e dos Bispos de Portugal para pôr fim a todas aquelas situações que estavam a destruir o reino.

Então, Inocêncio IV, sabendo que o Bispo de Coimbra escrevia igualmente cartas em seu nome ao Rei para que este acabasse com os erros de seus conselheiros e os castigasse, pediu para que este lhe fosse escrevendo cartas sobre como estava a reagir o Rei, de forma a poder apresentá-las no Concílio que iria ocorrer em Leão, França, para o qual estavam convocados Reis, Príncipes e muitos Prelados. Aqui foi igualmente discutido o futuro do reinado de Portugal, visto que D. Sancho II, apesar de todas as admoestações e conselhos, foi demasiado fraco para terminar com os erros daqueles que os cometiam, nem de ordenar-lhes que parassem ou até mesmo castigá-los. Sendo assim, o Prelado, mais príncipes do reino e todo o povo pediram ao Papa, através dos seus embaixadores o Arcebispo de Braga, o Bispo de Coimbra e outros dois nobres cavaleiros, que designasse um Regedor para o Reino em virtude de todas as provas que expuseram sobre o que já tinha sido feito no reinado de D. Sancho II. O Papa gostando da verdade apresentada, disse-lhes que poderiam escolher quem queriam para Regedor de Portugal, tendo como única condição que ele fosse natural do Reino. Os embaixadores já tinham uma pessoa em mente e disseram ao Papa que a pessoa natural para esse cargo seria o irmão de D. Sancho II, o Infante D. Afonso, conde de Bolonha. Visto que D. Afonso estava em Bolonha, perto do Concílio que estava a decorrer em Leão, o Papa chamou-o e mandou que este aceitasse o Regimento, defendesse e governasse o Reino de Portugal. D. Afonso aceitou sem qualquer contradição ou desculpa no dia 6 de Setembro de 1245.


(continua…)